ETAPA NECESSÁRIA
O namoro é uma etapa importante e necessária no desenvolvimento do ser humano. E é na adolescência que se inicia esta atração pelo sexo oposto, acompanhado por tudo aquilo que já apresentamos em artigos anteriores: mudanças físicas, psicológicas e sociais. “Namorar é uma coisa boa”, afirma a psicóloga clínica Helena Dagnino, pois a paixão experimentada pelos namorados produz energia e entusiasmo pela vida, contribuindo, inclusive, para a formação da personalidade. A possibilidade de dar e receber amor alimenta a auto-estima, conduzindo os jovens ao equilíbrio emocional.
Além de ser benéfica para o amadurecimento do adolescente, a paixão é saudável também para o corpo, conforme a manchete do artigo publicado pelo Correio Riograndense, em 09/06/2004: “Namorar faz bem ao coração e a outros órgãos do corpo, como também ao sistema nervoso e ao equilíbrio…”. Como vemos, há muitas coisas boas no namoro. E qual pai ou mãe não se lembra de como foram boas suas primeiras paqueras?
ESTÁ NA HORA?
É freqüente ouvirmos pais dizerem a seus filhos, principalmente às meninas: “Não está na hora ainda de namorar, primeiro os estudos!”. Contudo, no ambiente escolar, no grupo de amigos ou até mesmo no convívio com os amigos de catequese da crisma, o papo é outro. E se forem proibidos, se encontrarão escondidos. Para a especialista na área, Terezinha Cruz, do Comitê de Adolescência da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (Soperj), o namoro é “um momento de experimentação, de treino, durante o qual o adolescente passa da fase da infância, quando recebe passivamente o afeto, à fase adulta do envolvimento afetivo-sexual. Idade exata para se iniciar um relacionamento não existe. O ideal é que, no próprio contexto familiar, se aprenda a respeitar o outro, a tolerar as diferenças, a valorizar a vida e as pessoas”.
FICAR
O que pode tornar-se um “inferno” para a família, quando um filho u uma filha de 13 anos diz que está saindo com alguém, poderia ser menos conflituoso se antes tivesseom buscado esclarecer o que é namoro e o que é ficar. A compreensão de namoro, para os pais que foram adolescentes na década de 70 e 80, foi bem diferente da dos seus filhos que nasceram na década seguinte e que encaram com um novo jeito suas relações afetivas.
Deles, ouve-se freqüentemente a expressão: “Eu fiquei com…”.
Eles definem ficar como uma troca de carinhos por um período curto, sem compromisso de namoro, sem o compromisso do dia seguinte. O adolescente, ao ficar, exercita sua descoberta da sexualidade: seu corpo, sua personalidade, sua autoestima, o outro, o prazer. Já o namoro pressupõe a exigência de permanência, de mais consistência na relação, de maior envolvimento e, porque não, de maturidade.
FICAR OU NAMORAR
Que bom seria se tivéssemos uma resposta à pergunta: “É melhor que meus filhos namorem ou fiquem?”. O ficar é um comportamento atual. Não se sabe com exatidão o que será amanhã, já que é característica dos adolescentes mudarem facilmente e, se enchendo desse relacionamento superficial, voltem, daqui há algum tempo, a namorar com mais seriedade e compromisso.
Particularmente, conhecendo os adolescentes, acho isso um tanto difícil, já que o ficar é próprio dos adolescentes que ainda estão centrados em si e têm uma forte necessidade de se auto-afirmar. É mais fácil entender uma adolescente que hoje sai com um garoto, mas já pensando em convidar outro para ir ao cinema, só porque é mais bonito, do que uma jovem de 20 anos.
SEXO
Com certeza e com razão, oque mais preocupa os pais no namoro ou no ficar dos seus filhos adolescentes é o ato sexual. Ficar com um hoje e outro amanhã significa transar também? Em se tratando de vida sexual, há uma divergência nesta fase. Não podemos afirmar que adolescentes de 11 a 15 anos têm a relação sexual como algo necessário nestes relacionamentos. Isso pode até ser diferente, dependendo do contexto social e familiar, mas na sua maioria é assim.
Diferente quando se trata de adolescentes acima dos 15 anos, quando seus corpos já são mais formados, a mentalidade mais juvenil e já alcançaram um pouco mais de independência. Este conhecimento nos ajuda a entender e trabalhar melhor com os adolescentes, pois, muitas vezes, travamos uma guerra enorme com a filha de 13 anos que está querendo ficar com o menino da escola e da mesma idade, com medo de que ela inicie cedo a vida sexual, quando ela nada mais quer do que trocar carinhos, mostrar a si e aos outros que é capaz, bonita e faz parte do grupo dos que ficam.
By:Gislaine